News of the Week
Innovation Creating the future
Honduras é um país que sofre com muitas tempestades e furacões. Por isso, a ponte acima do rio Choluteca foi feita para ser ultra resistente. Após dois anos da sua inauguração, quando o furacão Mitch atingiu a região, essa ponte de fato foi a única no país a se manter em pé. Havia um único problema, porém. Com a chuva e inundações, o curso do rio foi desviado, como mostra a imagem acima. A ponte se tornou inútil.
A lição que fica é que o mundo está em constante mudança. Ou você têm a capacidade de se adaptar, ou pode acabar se tornando uma ponte Choluteca, completamente obsoleta.
Story of the Week
Em 2019, a obra acima (um coelho feito de aço inoxidável) foi vendida por 91 milhões de dólares em um leilão na Christie’s, maior valor já pago por uma obra de um artista ainda vivo. O mercado da arte como um todo movimentou 67 bilhões de dólares em 2018, boa parte via casas de leilão. Esse é um segmento dominado por dois players: Christie’s e Sotheby’s.
Essas empresas já operam a 250 anos, ou seja, já aprenderam uma coisa ou outra sobre como fazer um leilão. A batalha entre as duas pela liderança é digna de um filme. Ambas já estabeleceram sofisticadas redes de contatos com compradores, estruturas de marketing, escritórios no mundo inteiro e know how profundo sobre o mundo da arte. A decisão entre vender uma ou outra pode ser tão difícil que já houve colecionador (vendendo dezenas de milhões em arte) pedindo para elas mandarem representantes que decidiram em um jogo de pedra papel e tesoura.
Sempre que uma peça vai a leilão, a casa de leilão faz um estudo profundo sobre a obra, considerando a história do artista, de onde ele vem, histórico de venda de obras dele, idade da obra, condições de conservação, entre muitos outros fatores. Com isso, é definido um range de valor para aquela obra. Em uma amostra de 195 mil vendas feitas nos últimos anos, a Christie’s e a Sotheby’s acertaram cerca de 40% das vezes dentro desse range. Mas será que esse processo de avaliação é uma forma de arte, baseada em uma combinação de relações humanas, conhecimento do mercado e contexto da obra ou é uma ciência que pode ser replicada e dominada por um modelo de machine learning?
Em 2018, a Sotheby’s comprou uma startup especializada em Inteligência Artificial e colocou esse time para trabalhar em soluções que respondam essa pergunta. A primeira coisa que se aprendeu é que os algoritmos não precisam ver a obra ou depender desse entendimento visual. O valor é muito mais correlacionado com o histórico do artista. Alguns estudos publicados recentemente, por exemplo, apontam que artistas que tiveram a oportunidade de exibir a sua obra em instituições renomadas logo no começo da carreira, tem uma tendência muito maior de suas obras serem valorizadas. Menções em redes sociais é outro fator de correlação para indicação de valor de uma obra.
A tecnologia ainda não alcançou a precisão da avaliação humana, mas está chegando perto e, com isso, abre novas fronteiras. Com a tecnologia, esse produto se torna escalável e ai poderemos estimar os preços de todas as obras, não apenas das que vão a leilão. Os economistas geralmente concordam que o aumento da transparência leva ao aumento da liquidez nos mercados. Há evidências de que a falta de preços publicamente disponíveis é a barreira número 1 para os colecionadores comprarem mais arte. Além disso, colocar a tecnologia para avaliar obras já compradas na casa de leilão pode ressaltar possíveis valorizações, oferecendo gatilhos para a equipe convencer o proprietário a colocar a venda e realizar o lucro.
A Sotheby’s já está utilizando tecnologias advindas dessa startup para, via machine vision e machine learning, identificar obras comparáveis que podem servir de base para os avaliadores. A ideia não é substituir os avaliadores mas equipá-los com ferramentas que facilitem o seu trabalho.
Eu vou precisar de uma tecnologia dessa para me ajudar a entender o “valuation” desse coelho de aço e a Christie’s vai precisar se mexer para manter a briga entre as duas viva.
News of the Week
O mercado de gin nos EUA é o segundo maior do mundo (atrás apenas do Reino Unido) e movimenta cerca de 3 bilhões de dólares anualmente. Mas é um mercado que vem se mantendo relativamente estável em dólares nos últimos anos, com o volume decrescendo, ou seja, os americanos estão bebendo menos porém gins mais premium. Já há algum tempo que o pessoal da Diageo (dona da Johnnie Walker, Tanqueray e de várias outras marcas) vem comentando de como não conseguem fazer o mercado de gin decolar nos EUA, como está acontecendo na Ásia e no Brasil.
Foi esse cenário que o ator Ryan Reynolds analisou, em 2018, quando investiu na marca de gin norte-americano Aviation. Ele trouxe o que chamamos de smart money pois virou garoto propaganda da marca. No ano seguinte, a empresa dobrou de tamanho e se tornou a segunda maior marca de gin super-premium nos EUA. A Diageo comprou a Aviation nessa semana por US$610MM.
Como brincadeira, Ryan publicou um email de desculpas com uma lista de pessoas que ele tinha mandado àquele lugar após o anúncio da venda. A razão das desculpas é que o advogado dele o explicou o que significava “earn-out” e, portanto, ele descobriu que teria que continuar a se relacionar com essas pessoas. Para terminar, vejam o comercial da Aviation Gin, uma obra de arte!
Comercial Aviation Gin |