Em 1980, a Harley-Davidson atravessava a pior crise de sua história, sofrendo com a competição das japonesas Honda e Kawasaki. A marca claramente precisava de uma renovação. Foi ai que o CEO Vaughn Beals tirou a sua alta direção das salas fechadas e os mandou para participarem dos encontros de motociclistas no país afora. Logo perceberam que a maioria das motocicletas da marca estavam sendo customizadas pelos donos.
Sabendo disso, a montadora resolveu industrializar as principais modificações feitas pelos clientes, dos chassis talhados às chamas pintadas nos tanques. Também criaram o Harley Owners Group, um clube exclusivo cujos encontros eram patrocinados pela marca. A estratégia deu certo e as vendas reagiram. A Harley virou mais que uma motocicleta, virou um estilo de vida. Como diz um executivo da empresa: “O que vendemos é a oportunidade de um contador de 43 anos se vestir de couro preto, sair de moto por aí e ver as pessoas com medo dele.”
Nessa edição da nossa newsletter, divulgada algumas semana atrás, contamos a trajetória do Jay Janér, um brasileiro com uma longa e bem sucedida carreira em Wall Street nos anos 80 e 90. Desde então, entre a pintura de uma e outra tela, em seu ateliê-escritório em Roma, esse carioca de sotaque quase estrangeiro se divertia com modelos matemáticos, utilizando-os para investir seu próprio capital. Vendo o sucesso desses modelos, Jay agora embarca em uma nova jornada, como sócio e líder da área de investimentos quantitativos da KPTL.
Apesar de ser um segmento diferente, a área quantitativa se relaciona à vocação de tecnologia da gestora. Depois de mais de 15 anos investindo em tecnologia, chegou a hora de inverter a equação e utilizar tecnologia para investir. No segmento quantitativo, os humanos são substituídos por modelos matemáticos e/ou Inteligência Artificial na tomada de decisão de investimentos. Existem os benefícios óbvios como o fato desse “robô” não precisar dormir, não cansar, não ter problemas pessoais. Mas vai muito além disso, como veremos a seguir.
Nos EUA, cerca de 30% de todos os ativos de Hedge Funds estão alocados em fundos quantitativos. Enquanto isso, no Brasil esse número não chega nem a 1%. Um comparativo entre a performance de 152 Hedge Funds norte-americanos feito pela Prequin entre 2016 e 2019 chegou nos resultados acima. Os Hedge Funds quantitativos tiveram, na média, um retorno superior e uma volatilidade menor.
Porém, mesmo que esses retornos fossem iguais ou até um pouco menores, investir em fundos quantitativos faz sentido por uma outra questão mostrada em um estudo nosso abaixo. Comparando alguns fundos quantitativos com fundos multimercados tradicionais, fica claro a descorrelação entre eles. Ou seja, eles podem trazer uma diversificação muito mais eficiente e com isso diminuir o risco geral do portfólio.
Dito isso, a KPTL lançou dois fundos quantitativos. O primeiro chamado de Fermi, analisa mais de 60 mercados globais, incluindo ações, commodities, renda fixa, moedas e seus derivativos. O segundo, batizado de Bohr, investe em criptomoedas, arbitrando derivativos das 30 moedas mais líquidas nas maiores bolsas de cripto do mundo. Esse é um mercado dominado pelo varejo, de alto volume e volatilidade e que opera 24 horas sem parar, ou seja, um parque de diversões para modelos matemáticos operarem.
Os fundos são estruturados no exterior, mas alimentados por veículos nacionais, para que o investidor possa fazer aporte local. O mínimo de investimento em ambos é de US$ 100 mil, voltado para qualificados e profissionais. O capital inicial nos fundos para aplicar o modelo e criar histórico foi da ordem de R$ 20 milhões. Os retornos dos fundos desde que começaram a operar até agora (Junho a Setembro) foi 3,48% para o Fermi e 14,09% para o Bohr. (Valor Econômico)
Quantum Supremacy
O computador quântico não é simplesmente um computador mais poderoso, é algo completamente diferente. É como comparar uma vela com uma lâmpada. Os computadores atuais se baseiam em uma combinação enorme de Bits, que podem ser 0 ou 1. No caso do quântico, temos os Qubits, que podem ser 0 ou 1 ou os dois ao mesmo tempo, baseado em um conceito físico chamado superposição. Para você ter noção de quão complexo é esse tema, existem no mundo inteiro apenas cerca de mil pessoas especialistas nisso.
A ideia não é que ele substitua por completo os computadores atuais. Até porque, não é uma infraestrutura fácil. Para funcionar, ele é mantido a uma temperatura extremamente próxima do zero absoluto ou -273ºC. Ainda estamos nos 1950s do computador quântico, onde ele ainda ocupa uma sala inteira e necessita de um time de PhDs para operá-lo, mas a IBM já consegue disponibilizar o acesso a capacidade dele via nuvem, permitindo pessoas no mundo inteiro utilizarem.
Tudo que existe hoje ainda são protótipos, sem capacidade de aplicação real. Espera-se que o primeiro computador quântico tenha um poder computacional 1 milhão de vezes maior que todos os computadores do mundo combinados.
Mas há um elefante na sala. Quando a computação quântica chegar ao seu potencial, toda a criptografia entra em colapso. Isso deve ocorrer nos próximos 10 a 15 anos. A forma de se resolver isso é com a criptografia quântica. E quem está liderando os esforços nessa área? China. Ela está gastando mais de 3 vezes o que os EUA está nesse tipo de tecnologia.
Em 2016, a China lançou o primeiro satélite quântico. Com isso conseguiu criar uma linha de comunicação que utiliza um tipo de “criptografia” quântica baseada em um princípio que o próprio Albert Einstein chamou de assustador, ou seja, não vou conseguir explicar.
Mas fora isso, as possibilidades são enormes. Saúde, Defesa e até algumas coisas mais filosóficas, como bem explicou Pan Jiawei, cientista líder do projeto dos satélites quânticos chineses: