Segundo pesquisa, as vendas online cresceram 23,6% em comparação com 2018, somando R$ 3,2 bilhões em faturamento.
Levantamento feito pela Ebit Nielsen – empresa global de mensuração e análise de dados – revela que, na Black Friday 2019, o e-commerce no Brasil cresceu 23,6% em comparação com 2018, somando R$ 3,2 bilhões em faturamento. Apesar do maior volume, houve queda no tíquete médio, que foi de R$ 602 contra R$ 608 do ano passado. Também chamou atenção que 55% do total de pedidos foram efetuados a partir de dispositivos móveis. Comparando com 2018, o mercado teve um aumento de 103%. Conversamos com os CEOs de Sellbie e Neomode, investidas do Fundo Criatec 3, para entender como foi a Black Friday na visão de empresas que desenvolvem tecnologias para o Varejo. A Neomode oferece soluções omnichannel para os clientes e a Sellbie busca maximizar a venda de lojas físicas e online por meio de CRM e inteligência de dados
De acordo com Fabíola Paes, CEO da Neomode, o comportamento do consumidor foi marcado pela pesquisa de preços, procura por aplicativos e uma maior aceitação para compras virtuais. Fabíola destacou exemplos bem-sucedidos de clientes do segmento de eletromóveis. “Numa das empresas, o maior pico de instalações do app (disponível para os sistemas Android e iOS), ocorreu no dia 28/11, às 20 horas. Isso significou um aumento real de 40% no faturamento quando comparado a dias comuns. A divulgação de ofertas e promoções também ampliou a taxa de abertura de pushes notifications”, analisa.
A CEO também explicou que a forma de comprar e de vender mudou e que os varejistas já compreenderam isso. “Não basta uma loja bonita, um galã no merchandising ou um garoto propaganda gritando ofertas no rádio, na televisão e na porta da loja. No varejo 4.0 o que gera resultado é a integração dos canais e isso tem se mostrado cada vez mais real para o varejo brasileiro como um todo. O cliente vive agora conectado e utiliza os meios online e off-line para fazer suas pesquisas e aquisições”, acredita.
Para o CEO da Sellbie, Patrick Selener, um ponto que chamou a atenção neste ano foi a estabilidade na divisão da receita entre usuários novos e recorrentes. “A expectativa era de que a participação de clientes novos na composição da receita seria maior que a observada em meses anteriores. No entanto, este indicador se manteve estável num patamar médio de 25% da composição da receita, ou seja, mesmo com um esforço comercial mais agressivo, as vendas continuaram concentradas nos clientes já existente das marcas”, destaca.
Dicas para 2020
A Black Friday deste ano mal esfriou, mas todo o setor já se movimenta para analisar resultados, realinhar estratégias e traçar planos para potencializar os resultados de 2020. Fabíola Paes aposta em um uso cada vez mais assertivo do e-commerce. “Embora seja uma ferramenta maravilhosa, não basta ter a ferramenta e não saber aproveitar todas as suas possibilidades como a integração a uma plataforma white label, a integração de canais de vendas (app commerce, shopbot omni, assistentes virtuais, lojas físicas). Também é fundamental usar dados fornecidos pela ferramenta sobre o cliente. Informação é estratégia e estratégia resulta em conversão e vendas”, analisa.
Ela também aponta que o consumidor será cada vez mais conectado. “Vai sair na frente aquele varejista que souber olhar para o seu negócio de modo estratégico, unindo a loja física (PDV) e a loja online e transformando tudo na chamada prateleira infinita, onde o cliente não vê mais distinção entre os pontos e pode pesquisar à vontade, comprando pelo canal que quiser, quanto e quando quiser”, garante.
Patrick observa que seus clientes usaram o Black Friday para escoar os itens de baixo giro, que concentraram os descontos mais agressivos. “Obviamente, esse objetivo visa preservar a margem das marcas e reduzir o custo de inventário. Porém, justamente esses itens que deveriam ser os chamarizes para conversão com desconto agressivo, tiveram sua venda reduzida por serem os itens de menor interesse, fator que contribuiu para um impacto menor do Black Friday”.
Neste cenário, ele orienta as marcas a incluírem no “cardápio” da Black Friday itens que também sejam sucessos de venda, não apenas os de baixo giro. “Entendemos que, para esse tipo de estratégia ser bem-sucedida, é preciso uma preparação diferente para o evento, talvez com negociações diferenciadas para a produção destes itens, de tal forma que tenham um custo total reduzido e que possam ter descontos de destaque, uma vez que foram criados para esse tipo de movimento sem que se penalize a margem dos produtos como um todo”, arremata.