Newsletter | Estudei 700 anos e aprendi uma coisa

 

David Cowan é uma das grandes figuras de Venture Capital globais. Ele é sócio da Bessemer Venture Partners, um fundo referência do Vale do Silício. Muitos anos atrás ele foi visitar a casa de um amigo que lhe contou que havia alugado a garagem para dois estudantes de Stanford. Quando ouviu do amigo sobre a ideia que eles estavam desenvolvendo, disse “Como que eu consigo sair dessa casa sem chegar perto dessa garagem?” O nome desses estudantes era Sergey e Larry e eles estavam desenvolvendo a primeira versão do Google. Esse foi o momento mais icônico de “anti-porfólio” da Bessemer, aquelas oportunidades de sucesso que o VC deixa escapar.

 

 

A taxa de juros vagueia nos domínios do curto prazo e da conjuntura econômica, hipersensível aos choques e aos ciclos.

Mas como o preço que equilibra poupança x investimento e consumo presente x consumo futuro, é também sujeito a tendências de longo prazo.

Esse caráter dual dos juros suscita uma questão intrigante. Os atuais recordes de baixa no exterior e no Brasil são reflexos de uma conjuntura extraordinária e que fatalmente será sucedida por um novo ciclo que jogará os juros de volta à média histórica ou as taxas atuais fazem parte do novo normal?

Em um daqueles trabalhos que reúne o melhor da técnica e da arte, o economista Paul Schmelzing fez não menos que estimar os juros globais dos últimos 700 anos e chegou a um resultado espantoso. Não apenas haveria uma tendência de longuíssimo prazo na direção de juros cada vez mais baixos, como os patamares atuais se encaixam perfeitamente nessa trajetória, enquanto as taxas mais elevadas vividas entre 1969 e 2000 é que seriam a excepcionalidade do nosso tempo.

 

 

Descartando-se razões conjunturais de ciclos econômicos e política monetária, qual seria então a causa primeira desse fenômeno?

Uma possível explicação é que em meio a guerras, desastres naturais, epidemias e uma infinidade de decisões econômicas infelizes, seguimos o rumo indelével do enriquecimento.

Money for nothing 

Nesse mundo, as pessoas trocam cada vez mais consumo presente por consumo futuro, elevando a poupança, ao mesmo tempo em que boas oportunidades de alocação de capital vão se tornando elusivas.

O que explica senão a frugalidade da riqueza países como Alemanha, Japão, Holanda, Suíça, Dinamarca e Suécia teimarem em acumular um fluxo colossal de US$ 400 bilhões de poupança ano após ano, há 16 anos, e não contentes, alçaram os US$ 650 bilhões anuais desde 2016, a troco de uma remuneração quase inexistente.

O que explica senão o pleno atendimento da demanda potencial de tudo a dificuldade de se encontrar oportunidades de investimento que deem conta de superar um custo de oportunidade nulo, simbolizado pelos US$ 700 bilhões de recursos parados no caixa de apenas 10 grandes empresas dos EUA.

 

Me want to play

Mesmo com a lei das necessidades ilimitadas ainda em vigor e o setor privado revivendo um frenético ímpeto por inovação, o motor da nova economia, com a sua busca insaciável por ganhos de escala, apresenta a curiosa característica de demandar altos riscos, mas baixos volumes de capital.

Money machine

O movimento ladeira abaixo dos juros recebeu um decisivo empurrão da tecnologia dos bancos centrais. Avanços marcantes no manejo da política monetária dos últimos 25 anos têm exigido doses cada vez menores de juros para manter a inflação sob controle e com a redução do risco inflacionário vem também uma menor exigência pelos poupadores.

Aguenta a mão João

O próximo desafio morro acima nos faz esquecer da dura caminhada até aqui. Mas, ao nosso estilo, vivendo perigosamente, vamos conseguindo atender a longa lista de quesitos de um país com estabilidade. E como diz o velho homem, o que não me mata me fortalece.

Em 2006, a empresa superou a marca de 100 bilhões de canetas vendidas. Ela é listada na bolsa de Paris e atualmente vale cerca de 2,2 bilhões de euros. Mas a empresa enfrenta um desafio daqui para frente. A sua natureza descartável criou uma enorme quantidade de resíduos plásticos. Estima-se que mais de 1,6 bilhão de canetas sejam eliminadas todos os anos apenas nos EUA. Para se manter competitiva e evitar que competidores tomem o seu lugar, a empresa vai precisar se revolucionar, mais uma vez.

 

Mas com os juros reais negativos como nunca antes na história deste país, a atividade econômica se recuperando mais rápido que o esperado (apesar de toda a devastação deixada pelo caminho), e o onipresente risco fiscal, o próximo ciclo de alta está logo ali. Contudo, yo soy brasileño e com o motor da história a favor e um mínimo de perícia do piloto, a próxima corcova pode muito bem ser suave e não muito dolorosa.